Falar do SCALA é falar de dois anos de profunda transformação. O que no início me parecia ser um percurso estimulante de aprofundamento da fé, de estudo por uma via marcada pelo intelecto, transformou-se num processo de Metamorfose pessoal surpreendente! Conforme o horizonte se ia alargando ao longo dos módulos e, a respiração ia ficando em suspenso com as “visōes” que me eram oferecidas, mais eu ficava (des)Orientada. Quanto mais aprendia, mais desAprendia e reAprendia. A mochila, recheada por anos de estudo ao longo da vida, foi toda despejada. Sacudida. Virada do avesso! E devagarinho, num trabalho lento, está a ser reordenada. Ainda. Fiquei sem muitas das “certezas” , mas ganhei em deslumbramento e paixão, pela proximidade de um Jesus tão Humano que até parece Ser Divino! A rota do Scala desassossega, motiva e a ninguém deixa indiferente. Cuidem-se apenas com o GPS das verdades inquestionáveis…pode ter de ser tudo formatado…
A minha jornada do SCALA começou como um curso, mais um. Mas rapidamente se tornou algo sério. Tão sério como tratar da saúde. Tão sério como cuidar da Vida. Tão sério como fazer psicoterapia. Mexeu com a minha identidade. Toda. Não a identidade “cristã”, como se ser cristã fosse um acessório . Mexeu com quem sou, como vivo, como me expresso, como me relaciono, como estou na sociedade, como leio a Bíblia e como a percorro. A Tradição deixou de ser intocada e passou a ser escutada, revelada e activa. De um modo despretensioso mas com bases muito sólidas, a Teologia deu a mão à Poesia, à Arte e à Música para se dizer com beleza e aprumo, elevando ainda mais a compreensão . Os grandes da História da Fé sentaram-se à mesa connosco. A Bíblia e os que a povoam deixaram de ser personagens estáticos, estéreis e estranhos! Passaram a ser vivos, fecundos e família . Os do Caminho, contaram-nos os sítios por onde andaram e um ou outro, até cartas nos escreveu! Os coordenadores de todo o curso assumem-se nesta viagem como companheiros atentos deste Caminho. São simples, jovens, mas…são tão sábios! Dá vontade de sentar com eles e de fazer perguntas. Pensar juntos. Mas é tão bom escutar o que têm para transmitir! As palavras não são frias, os conteúdos muito bem desenvolvidos, são o fruto de anos de elaboração interna, de colo Comunitário, de Oração profunda e de uma Sede de saber colocada ao serviço de quem como eles, pretende fazer a viagem pelo sobressalto que é a Fé.
Foram dois anos intensos, mas… tão ricos, que ainda desembrulho todos os dias os presentes que me deixaram no colo.
Lurdes Pereira